Transtornos

Como entender ansiedade.

 

Transtornos Ansiosos

Para melhor estudar os Transtornos Ansiosos devemos tentar definir o termo ANSIEDADE, muito usado em nosso dia a dia. Do latim ANXIETATE, ansiedade tem várias definições nos dicionários não técnicos: aflição, angústia, perturbação do espírito causada pela incerteza, relação com qualquer contexto de perigo, etc.

Levando-se em conta o aspecto técnico, devemos entender a ansiedade como um fenômeno animal que ora nos beneficia ora nos prejudica, dependendo de sua circunstancialidade ou intensidade, podendo tornar-se patológica, isto é prejudicial ao nosso funcionamento psíquico(mental) e somático(corporal).

Quando a ansiedade torna-se patológica passamos a considerá-la um sintoma ou um transtorno, e daí podemos incluí-la num grupo de distúrbios, ora denominados TRANSTORNOS ANSIOSOS.

OS TRANSTORNOS ANSIOSOS ou TRANSTORNOS DE ANSIEDADE, anteriormente conhecidos como NEUROSES vêm sofrendo várias revisões diagnósticas desde 1980.Em nosso site, utilizaremos a classificação publicada pela pela Associação Norte Americana de Psiquiatria em 1994.

A partir desta data passamos a considerar TRANSTORNOS ANSIOSOS os seguintes distúrbios:

Ansiedade é uma vivência humana universal, dentro do espectro da normalidade, é proximamente associada à vivência de medo e de outros estados de ânimo e emocionais similares.

Charles Darwin, em 1872, no seu livro The Expressions of the Emotions in Man and Animals apresentou descrições dos estados de medo e ansiedade, quer apesar de pequenas incorreções sobre a interpretação do porquê das manifestações nos fornece uma figura clara transcultural e transtemporal do que é de fato, uma vivência universal da espécie humana.

Como se trata de uma emoção, a ansiedade é difícil de ser definida com precisão, mas pode ser apreendida e estudada através da introspecção ou, indiretamente, por seus correlatos fisiológicos (Gentil, 1997).

Como todo estado emocional a ansiedade é um sinal, preparando o indivíduo para o que poderá acontecer dado um certo contexto ambiental específico (fitness). Do ponto de vista biológico, é um estado de funcionamento cerebral, ligado à percepção de contextos ambientais potencialmente ameaçadores, que possibilita a identificação do perigo e o grau da ameaça (potencial, distante ou iminente) e elicia ações comportamentais específicas de enfrentamento.

A ansiedade tipo antecipatória se diferencia da sensação de ansiedade tipo pânico (vivenciada como medo) por ser uma resposta emocional a uma ameaça desconhecida, potencial ou distante.

Como as alterações funcionais associadas à ansiedade têm como função aumentar nossa chance de sobrevivência ou sucesso IMEDIATO em um contexto ambiental específico, a reação pode ser vivenciada com desconforto que pode ser extremo e provocar consequências deletérias para a saúde a longo prazo (ex. doenças cardíacas). Em vista disto é claro que há condições onde deixamos de considerar a ansiedade uma reação normal e é cabível uma intervenção terapêutica.

A ansiedade é considerada patológica quando o mecanismo de alerta para os perigos internos ou externos em potencial é excessiva, desproporcional, desadaptativa ou leva a sofrimento intenso.

Nos casos clínicos mais comuns, o indivíduo parece estar genericamente ansioso pela ausência de qualquer ameaça identificável. Não existe uma divisão precisa entre ansiedade normal e patológica, sendo sempre de modo arbitrário e subjetivo que decide-se ou não pelo tratamento.

Formas Clínicas de Manifestação da Ansiedade Patológica

As manifestações da ansiedade patológica podem ser subdivididas e organizadas de modo a facilitar o entendimento dos sinais e sintomas para discriminação clínica, valor preditivo de resposta terapêutica e se ansiedade é a principal manifestação sintomatológica ou apenas é um componente sub ou super valorizado.

Manifestações cognitivas, psíquicas ou mentais incluem as vivências de medo, angústia e preocupação. A ansiedade difusa se manifesta no indivíduo que interpreta uma grande variedade de situações como ameaçadoras e apreensão por provável resultado desfavorável, o indivíduo tende a se deter aos aspectos negativos e ameaçadores das situações do cotidiano. Inclui-se tensão, inquietação interna, apreensão desagradável, opressão e desconforto subjetivo, preocupações exageradas, insônia, insegurança, irritabilidade, distraibilidade, desconcentração, desrealização, despersonalização, etc.

Manifestações físicas ou somáticas incluem sensação de falta de ar, hiperpneia, taquicardia, dificuldade para engolir, náusea, boca seca, desconforto abdominal que podem ser consequentes a liberação ou hiperatividade adrenérgica componente fisiológico da ansiedade e do medo.

Outros sintomas físicos são complicadores encontrados devido a hiperventilação como tontura, vertigem, sensação de desmaio, dor no peito ou devido a hipertonia muscular que evoluiu com tremores generalizados, dores inespecíficas e generalizada e espasmos musculares.

Outras manifestações da ansiedade patológica ou consequência desta são as manifestações comportamentais de esquiva ou fuga, inquietação e exploração do ambiente antecipando perigo ou ameaça, sobressaltos, hiperreatividade a estímulos e insônia.

Manifestações emocionais o indivíduo vivencia sensações de desconforto, desprazer, desmotivação e aversão.

A ansiedade ainda pode ser apreendida pelo avaliador se manifestar de forma tônica ou constante, o que caracteriza o transtorno de ansiedade generalizada, além das outras manifestações citadas anteriormente.

Crises ou ataques paroxísticos de ansiedade, denominamos ataques de pânico, quando uma série de sintomas subitamente se instalam em cerca de dez minutos.

A ansiedade patológica pode ainda estar associada a eventos, objetos ou situações identificáveis, ou seja denominada ansiedade situacional ou pode ocorrer de forma imotivada ou espontaneamente, ou seja ansiedade espontânea.

 

Hiperatividade Autônomica Taquicardia, hiperpneia, sensação de falta de ar, sudorese, boca seca, náusea, urgência miccional, mal estar abdominal ou diarreia, calafrios ou ondas de calor.
Hiperpneia e Hiperventilação Parestesias, vertigens, dor/pressão no peito, desrealização e despersonalização.
Aumento da tensão muscular Sensação de tensão, dificuldade para relaxar, tremores, dores diversas inespecíficas.
Alterações Comportamentais Inquietação, esquiva, obsessões e compulsões, irritabilidade e apreensão. 
Aumento-Atenção e Vel. Associações Insónia, sobressaltos frequentes, baixa concentração e rendimento intelectual.

 

O medo é um sentimento de grande inquietação ante a noção de um perigo real ou imaginário, de uma ameaça. Trata-se de um sentimento saudável, de defesa e de autopreservação quando nos encontramos diante de uma situação que possa apresentar algum perigo real. Quando este medo torna-se exagerado, mórbido e irracional, ele passa a ser denominado de fobia. O termo fobia se refere ao medo excessivo de objeto, circunstância ou situação específicas. A fobia específica é o medo intenso e persistente de um objeto ou de uma situação, enquanto fobia social é o medo intenso e persistente de situações sociais em que possa ocorrer embaraço ou humilhação, como ao falar ou escrever em público, urinar em banheiros públicos (“bexiga envergonhada”), falar com alguém que tencione namorar, ir a uma festa, etc.

As fobias produzem evitação consciente de assuntos, atividades ou situações temidos, ao que denominamos de esquiva fóbica. Tanto a presença como a antecipação da situação fóbica, desencadeia um grande sofrimento ao indivíduo afetado, que em geral reconhece o excesso da sua reação. Estas respostas podem tomar a forma de um ataque de pânico. As reações fóbicas perturbam a capacidade do indivíduo de desempenhar várias atividades de sua vida, ainda que algumas não interfiram no dia a dia (por exemplo, o medo de barata ).

A fobia específica é mais comum do que a social. É o transtorno mais comum entre as mulheres e o segundo mais comum entre os homens, atrás apenas do transtorno por uso de drogas. A razão entre os sexos é de cerca de 2 para 1, embora seja próxima de 1 para 1, para o medo de sangue-injeção-ferimento. Os objetos e as situações temidas nas fobias específicas são classificadas nos seguintes tipos: animais; ambiente natural (tempestades, altura, água) ; sangue-injeção-ferimentos; medo de lesão, doença e morte; situacional (medo de andar em transportes coletivos, túneis, avião, elevadores,dirigir ou permanecer em locais fechados), e as mesmas são nomeadas de acordo com o medo específico ( por exemplo: medo de altura- acrofobia; medo de água-hidrofobia; medo de espaços fechados-claustrofobia).

Alguns quadros psiquiátricos podem ser confundidos com as fobias específicas, como por exemplo: agorafobia, que é o medo de sentir-se mal ou não poder sair de locais onde há aglomerações e / ou onde o socorro pode ser difícil. Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC), por exemplo, o medo de se contaminar em casos de obsessões de contaminação e rituais de limpeza. Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT), em que a pessoa apresenta esquiva fóbica de situações relacionadas ao evento traumático. Transtorno de Pânico, pode ocorrer hipervigilância em relação a sintomas corporais que se confundem com fobia de doenças.

Tratamento

O tratamento mais indicado na atualidade para as fobias específicas tem sido a Terapia Comportamental, cujo procedimento é colocar o paciente frente à situação ou ao objeto temido. Esta abordagem é fundamentada na proposição de que os comportamentos adotados mantém a presença dos sintomas fóbicos.

A esquiva faz com que o sujeito não experimente as consequências deste contato, que em geral é mais tranquilo do que ele imagina. Acredita-se que, com a repetição (habituação) do ato de enfrentar aquilo que se teme (objeto fóbico) há o desaparecimento dos sintomas fóbicos. Em geral não são utilizados medicamentos, a não ser em casos de rara oportunidade de exposição, onde os benzodiazepínicos mostram resultados positivos. Tem havido interesse recente no uso da D-cicloserina, que atua na potencialização dos efeitos da exposição, aumentando o aprendizado, sendo que este tratamento encontra-se ainda em caráter experimental.

A Dra. Raquel Chilvarquer

Cada um dos transtornos só poderá ser assim considerado quando satisfazer critérios que foram elaborados para cada um deles, portanto não basta um sintoma isolado para caracterizar um transtorno ou uma doença.

Cada um dos transtornos poderá ser conhecido isoladamente como também suas manifestações, tratamento e evolução. Navegue no menu lateral para conhecer cada um deles.

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